Por Adriane Tscheppen

A cidade de São Paulo vive em constante expansão, o que gera um enorme movimento imobiliário. A atração econômica de um passado ainda recente provocou uma verticalização muito acelerada na cidade e, ainda hoje, apesar da atual crise econômica, continua vivendo o reflexo desse boom de lançamentos de condomínios residenciais. Além de fatores econômicos, a vida familiar parece ser a principal geradora desses movimentos. Pessoas se casam e necessitam de um novo lar. Depois vêm os filhos e a casa fica pequena. Os filhos crescem, renovam o ciclo, e a casa fica grande demais. Em cada fase de nossa vida, o lar, que era perfeito, necessita de mudanças. Mudanças culturais e sociais também evocam a vontade de mudanças em nossas moradias. A decoração já estaria “fora de moda”. Agora podem faltar banheiros ou armários. Um cômodo poderia se transformar em um home-office ou em um home-theater.

Apartamentos mais antigos trazem áreas generosas, mas não cumprem as necessidades atuais. Hoje é essencial que haja, por exemplo, suíte e lavabo, exigência nada comum tempos atrás. Apartamentos novos, em
sua maioria, costumam ser o reflexo de toda essa movimentação imobiliária, áreas reduzidas, programas extensos, áreas comuns privilegiadas para suprir a falta do espaço privado.

Em quaisquer das situações, todas as necessidades são muito particulares, e o que impera é a história de cada um. A reforma acaba sendo necessária sempre. Nessa hora, algumas pessoas hesitam em chamar um arquiteto para ajudá-las. Afinal, ter bom gosto e fazer escolhas não são qualidades exclusivas desses profissionais. Qualquer um pode contratar um pedreiro, um marceneiro, comprar seus próprios móveis, fazer contas. Por que pagar para alguém fazer esse serviço? Qual seria o ganho?

Bem, são várias as vantagens. A começar por uma palavra: projeto. O projeto nasce da relação inicial entre o arquiteto e o cliente. O arquiteto vai ouvi-lo, vai entender suas necessidades, seus anseios. Com isso em mãos, ele vai começar a traçar o seu projeto. Essa é a oportunidade de ver e planejar. É quando se pode elucubrar sobre tudo, na qual se pode visualizar o resultado final em todos os seus detalhes. O projeto permite antecipar, ainda virtualmente, as possíveis dificuldades da obra, possibilitando o levantamento dos custos que serão investidos, além de permitir eventuais mudanças antes da execução. Projeto é planejamento, é economia.

Através de um projeto, é possível quantificar o material que deve ser comprado evitando desperdícios.
Um arquiteto experiente também sabe se um determinado orçamento está dentro do valor de mercado, evitando que seu cliente seja enganado. O projeto, junto com o cronograma, orienta pedreiros, pintores, eletricistas, encanadores sobre tudo o que deve ser feito e com qual material, diminuindo atrasos, que, por sua vez, geram custos extras. Em vez de um luxo, o trabalho do arquiteto representa economia. Uma economia que facilmente paga o trabalho desse profissional e ainda sobra. Quem já não conheceu alguém que fez a reforma por conta própria e gastou o dobro do previsto?

Mas o arquiteto não faz apenas projeto, ele também acompanha todos os passos do papel (projeto) à finalização da obra. Conhece os profissionais certos para executar determinados serviços, materiais e fornecedores, sabe avaliar custos e orçamentos, sempre visando a economia para o cliente.

Antes que alguém compre aquele lindo sofá, que pode não caber na sala, o arquiteto já mediu espaços e catalogou os móveis e objetos, orientando-o na hora da compra. Antes de chamar o pedreiro para começar a quebrar tudo até encontrar um cano de água, o arquiteto já levantou o que deve ou pode ser quebrado e traça o melhor momento para isso ser feito. Antes que o cliente estoure o orçamento para pagar a reforma, o arquiteto já fez a projeção do custo de sua obra, mantendo-o dentro do valor orçado.

Assim como em outras áreas, reformas bem- sucedidas são decididas nos detalhes. Ninguém gostaria que, ao chegar aquele maravilhoso home- theater, faltassem tomadas ou um ponto de tevê para ligar o equipamento.

Seria desastroso chamar o eletricista de volta para puxar novos fios, quebrar a parede e instalar as tomadas. E ainda chamar o pintor para retocar o estrago. Mais sujeira, mais incômodo, mais custos. Esses são alguns dos inúmeros exemplos
de erros comuns em reformas executadas sem a ajuda de um profissional. Há muitos outros. Ainda poderíamos falar dos ganhos não mensuráveis inerentes à formação do arquiteto, como o bem-estar, a funcionalidade e a estética, mas vamos deixá-los para as próximas edições.

E por fim, encarar uma obra pode ser uma situação bem estressante. Há empenho de dinheiro, de tempo e, por que não, até de emoções! O trabalho do arquiteto é feito para minimizar todos os aspectos negativos de uma obra para que, ao fim dela, o cliente possa usufruir de sua casa renovada. Para mim é gratificante. Então, mãos à obra!

•Publicado originalmente na Revista Casa Bairro nº 1, em Abril de 2009